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sexta-feira, 8 de julho de 2011

A Crise de(o) Ser

O título desta reflexão seria "Ser ou Não Ser", mas acho que isso geraria um sentido conotativo, referente aos escritos de Shakespeare. De um tempo pra cá, me pergunto "o que sou". É estranho a referir a pessoas como algo, e não como alguém. Alguém seria o algo, destinado a pessoas. Só que o que nos distancia das demais composições do universo (os outros algos)?

Definimos o que somos, de qual forma? Seria baseado em origem e destino? Funcionalidade? Uma cadeira, é uma cadeira, porque foi criada para ser cadeira, será cadeira, até que passe por algum ritual de transformação, e tem a função de servir de descanso. E qual a origem, destino e funcionalidade? O começo, meio e fim parecem não ser precisos para saber sobre o ser.

Os pensamentos, falas e atos são medidas do ser? Se são, assumimos condições de falsos, de hipócritas. Os pensamentos acontecem a todo tempo, o tempo todo. As falas e atos somente ocorrem quando o pensamento passa por um crivo racional, emocional e/ou social. Se há interferência entre os pontos, nunca seremos plenamente o que somos, já que nos moldamos a outras contingências. Assumimos ser mentiras.

Que tal pensar no que somos, baseado em características? Podemos nos enquadrar em conjuntos de enfeites, decorativos que outros usam para nos avaliar. Não há medida para esta avaliação, apenas nós mesmos. E como avaliamos o "ser" do outro, nos pautando em medidas próprias, se não temos como saber nosso próprio ser?

Resta ainda algumas ideias utilizadas na Física, como a do "ser e não-ser". O nome exato não é este, mas explica-se desta forma. Não há frio. Há frequências variadas de calor, no qual percebemos como mais alta ou baixa que a frequência que nos agrada. Não há escuro. Há apenas faixas de luz que conseguimos ou não captar, com nossos olhos. Parece estranho, definir o ser, pelo não-ser. Pego-me neste momento, ligeiramente divertidamente abismado. É hilário definir o que é, pelo que não é.

Apesar de alguns mais puritanos não apreciarem, pensei em saber do ser, pelo ter. Não como uma demonstração  de superioridade entre os que tem mais, para os que tem menos. É apenas saber o que somos, pelo "como" somos. Admite-se nesta ideia, pontos como hábito, cultura, necessidade versus desejo. Esta classificação deixa também a desejar, já que somos cercados de simbologias, marcas, crenças e valores que não são mensuráveis.

É mais fácil acreditar, e concluir por ora, que não somos nada. Não por uma pretensão de passar por humilde, ou menos por baixa auto estima. Somos nada, por não termos ainda definição. Por não ter parâmetros. Por não ter sentido. Somos nada, porque nunca fomos convocados a pensar de forma abrangente, coletiva. Não conseguimos compreender nem a nós mesmos, a unidade mais básica do "eu". Por ora, somos nada.

WINE, Tato

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